O caso de Maria, uma macaca-prego baleada na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, chamou atenção para a fragilidade da fauna urbana frente à violência humana e ao descaso público. O animal foi encontrado ferido na Rua Piratininga, com um projétil alojado na coluna, o que resultou na perda dos movimentos das pernas. O fato expõe a urgência de rever como legislações ambientais, fiscalização e ações municipais interagem para proteger seres vivos indefesos que dividem o espaço urbano.
No Instituto Vida Livre Maria recebe atendimento especializado. Exames de imagem como radiografia e ultrassonografia foram feitos para localizar o projétil e verificar danos estruturais. A partir desses diagnósticos é avaliada a possibilidade de cirurgia. O objetivo dos responsáveis é proporcionar conforto, alimentação adequada, aquecimento e assistência médica para garantir que o sofrimento seja reduzido, mesmo diante da gravidade das lesões.
A investigação foi acionada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente do Rio de Janeiro para apurar quem disparou contra Maria, em que circunstâncias isso ocorreu e quais responsabilizações cabem. A polícia civil investiga como o disparo ocorreu, se foi intencional ou acidente, e que agentes ou indivíduos possam ter participado direta ou indiretamente. É preciso que se esclareça o fato para que haja justiça e dissuasão de novas agressões contra a fauna.
Esse episódio também evidencia fragilidades na proteção da fauna silvestre em ambientes urbanos, muitas vezes esquecida ou negligenciada. Lobos, macacos, pássaros e outros animais sofrem sem que haja ação adequada por parte das autoridades. A legislação que trata de Crimes Contra a Fauna precisa de aplicação efetiva, fiscalização constante, e investimento em políticas públicas que previnam agressões, sejam elas acidentais ou criminosas.
A tecnologia pode desempenhar papel importante nessa prevenção e investigação. Câmeras de segurança instaladas em vias públicas, registros de vídeo, imagens de celulares, podem ajudar a identificar autores de agressões. Além disso as ferramentas de perícia veterinária, uso de tomografia e outras técnicas avançadas ajudam a determinar extensão do dano, localização precisa dos projéteis e potencial de recuperação para animais feridos como Maria.
Outro ponto que se destaca é a importância da mobilização social em casos de violência contra animais. ONGs, ativistas, moradores da região e redes sociais contribuíram para dar visibilidade, pedir socorro, cobrar providências. Essa pressão pode pressionar autoridades anuentes a agir com rapidez. O que muitas vezes começa como revolta nas redes se transforma em denúncias formais, abertura de inquérito e, em alguns casos, medidas de proteção ambiental ou compensatórias.
Ainda há muito a aprender sobre a recuperação funcional de animais com lesões graves como esta. Mesmo com cirurgia, não há garantias de que Maria volte a usar suas patas traseiras plenamente. A reabilitação intensiva, fisioterapia veterinária, cuidados contínuos e ambiente seguro são determinantes. O acompanhamento clínico longo é fundamental para avaliar possibilidades de restauração do movimento ou minimizar possíveis sequelas permanentes.
Em suma o que aconteceu com Maria revela muito mais do que um crime isolado contra a fauna silvestre. Ele reflete problemas estruturais relacionados à proteção ambiental urbana, à responsabilidade individual e institucional, ao uso de tecnologia forense e ao papel da sociedade civil. Que este episódio não passe despercebido e fomente maior empenho no cuidado, na investigação e na justiça para todos os seres vivos que coexistem nas cidades.
Autor: Rymona Ouldan