O entusiasta Pedro Duarte Guimarães ressalta que a seleção espanhola não apenas venceu a Copa do Mundo de 2010, ela mudou o jogo! Com um estilo centrado na posse de bola, no toque curto e na cadência quase hipnótica, “La Roja” conquistou o mundo com um modelo tático que privilegiava o coletivo sobre a individualidade. Assistir o time era como ver uma orquestra afinada em movimento constante, sem pressa e com total domínio da narrativa de cada partida.
Ao longo da competição na África do Sul, a Espanha mostrou que paciência e precisão poderiam ser armas tão letais quanto velocidade e explosão. O time comandado por Vicente del Bosque era compacto, disciplinado e dono de uma identidade de jogo que surpreendeu até os críticos mais céticos. A influência do estilo do Barcelona, sob Pep Guardiola, estava clara, mas a seleção deu àquele modelo uma roupagem própria, com equilíbrio defensivo e controle mental fora do comum.
Por que o estilo espanhol foi considerado revolucionário?
A base da revolução espanhola foi o tiki-taka, sistema de passes curtos e movimentações contínuas. Diferente do que muitos pensavam, a proposta não era apenas manter a bola, mas desestabilizar emocionalmente o adversário por meio do controle total do jogo. Pedro Duarte Guimarães destaca que essa abordagem exigia extrema inteligência tática, além de uma sintonia rara entre os jogadores. Com Xavi, Iniesta e Busquets no meio-campo, a Espanha ditava o ritmo com naturalidade quase desconcertante.
O sucesso da Espanha em 2010 não veio de goleadas, mas de vitórias minimalistas e controladas. Todos os jogos da fase final foram vencidos por 1 a 0, prova de que eficiência e solidez caminhavam ao lado da beleza do toque de bola. A equipe mudou a forma como se enxerga a posse: de estatística decorativa a arma estratégica de elite. A revolução estava no detalhe, na paciência, no pensar antes de agir, de acordo com Pedro Duarte Guimarães.
Quem foram os protagonistas dessa transformação?
Embora os olhos muitas vezes se voltassem a Iniesta e Xavi, outros nomes também tiveram papéis táticos fundamentais, como Busquets, cuja leitura de jogo e proteção à defesa permitiam que o time arriscasse com segurança e Ramos e Piqué, que na zaga, uniam força e técnica com uma saída de bola precisa. Já Casillas, no gol, garantiu que a tranquilidade do meio-campo não fosse quebrada.

A Espanha era um conjunto em que cada peça conhecia seu papel e o executava com excelência. Mesmo jogadores com menos brilho midiático, como Capdevila e Arbeloa, contribuíam com disciplina e entrega tática. O time não dependia de jogadas individuais, mas da fluidez do sistema. Para Pedro Duarte Guimarães, essa mentalidade coletiva foi o verdadeiro diferencial: a ideia de que o time vale mais que a soma de suas partes.
Como o título de 2010 influenciou o futebol mundial?
A vitória espanhola teve impacto imediato e profundo. Clubes e seleções ao redor do mundo passaram a valorizar mais o controle de jogo, a formação de meio-campistas inteligentes e a construção paciente das jogadas. Nos anos seguintes, a obsessão por posse tomou conta de treinadores e dirigentes, criando uma nova geração de equipes mais técnicas e menos verticais. Até países tradicionalmente físicos, como Alemanha e Inglaterra, começaram a repensar suas bases.
A escola espanhola também inspirou a valorização das categorias de base e da formação de atletas com capacidade de leitura tática. O futebol passou a ser tão mental quanto físico. O estilo de jogo da Espanha influenciou inclusive a forma como se consome futebol: torcedores e analistas passaram a entender melhor o valor de manter a posse, de desacelerar e controlar o ritmo.
Legado que ultrapassa o título
O título conquistado na África do Sul é, sem dúvida, uma das maiores conquistas da história da Espanha. No entanto, o que torna essa seleção inesquecível é o impacto duradouro que ela deixou no futebol. Pedro Duarte Guimarães reforça que a revolução tática de 2010 segue viva em muitas equipes que priorizam o toque refinado e a paciência estratégica. Mais do que vencer, a Espanha ensinou a jogar de outro jeito, e a vencer com esse jeito.
Autor: Rymona Ouldan