Mesmo assim, governador do Rio de Janeiro defende que “a operação cumpriu o que ela se propunha”
Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (12), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) afirmou não ter como dizer que foi um sucesso a operação policial iniciada na última terça-feira (11) no Complexo da Maré, na zona norte da capital fluminense.
A ação deixou ao menos três pessoas mortas, incluindo o sargento Jorge Henrique Galdino Cruz, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
“Não tem como, em uma operação que acaba com um policial nosso tendo a vida ceifada, dizer que foi um sucesso. Outro policial ainda está ferido. Queria me solidarizar à família dos dois policiais”, afirmou.
Mesmo assim, o governador defende que “a operação cumpriu o que ela se propunha”. “Tinha todo um trabalho de inteligência anterior. Chegou-se à conclusão de que havia uma quadrilha que roubava automóveis, motos e veículos para levar para dentro da comunidade ou então para cometer crimes com aqueles veículos.”
Segundo Castro, não houve confrontos nesta quarta e as ações foram encerradas por volta das 10h. Ele acrescentou que a operação seguiu “100%” das determinações judiciais.
Também nesta quarta, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo preste informações sobre as operações policiais no Complexo da Maré. A decisão foi tomada depois de um pedido do PSB e da Defensoria Pública do estado. Na entrevista à CNN, Castro diz ter “tranquilidade” sobre o pedido.
“A grande prova de que não teve operação de vingança [pela morte do policial] foi hoje ter ficado até 10 horas da manhã e não ter tipo nenhuma letalidade. Isso não aconteceu, mas é a eterna politização de quem quer, infelizmente, inverter: transformar o bandido em inocente e transformar o policial em criminoso. A sociedade já rejeitou nas urnas essa gente. A polícia agiu 100% correta e vamos responder tudo a STF com a maior tranquilidade”, afirmou o governador.
Na terça, após o início da operação, a Polícia Militar afirmou, em nota, que a ação tinha como alvo integrantes de uma quadrilha especializada em roubo de veículos em importantes vias da capital fluminense.
A PM disse ainda que, durante a ação, foi encontrada na favela uma metralhadora Browning M1919 de calibre .30 que estaria sendo usada por traficantes do Terceiro Comando Puro, o TCP. Outras 15 armas foram apreendidas.
Sobre o fato de o armamento pesado ter sido encontrado na comunidade, o governador afirmou que tem de ser feito um trabalho de monitoramento das fronteiras para evitar que esse tipo de material chegue às favelas.
“O Rio de Janeiro não produz armas e não produz drogas. Isso chega pelas estradas, pelos portos, pelos aeroportos.”
A CNN procorou o Ministério da Justiça sobre as declarações de Castro e aguarda retorno. O texto será atualizado quando a resposta chegar.