Como comenta a Dra. Thaline Neves, a espinha bífida, especialmente na forma mais grave conhecida como mielomeningocele, representa um desafio complexo para a medicina e para as famílias. Contudo, o avanço das técnicas de cirurgia fetal tem proporcionado resultados importantes, capazes de mudar o prognóstico e a qualidade de vida dessas crianças antes mesmo do nascimento. Interessado em saber mais sobre esse tratamento? Confira, nos próximos parágrafos.
O que é a espinha bífida e como ela afeta o bebê
A espinha bífida é uma malformação congênita que ocorre quando a coluna vertebral e a medula espinhal não se desenvolvem adequadamente durante a gestação. Segundo a médica proprietária da Clínica View, Thaline Neves, a mielomeningocele é o tipo mais grave, caracterizada pela exposição da medula e dos nervos espinhais, o que pode causar paralisia, problemas de locomoção e complicações neurológicas.

O diagnóstico normalmente acontece durante o pré-natal, por meio de exames de imagem como o ultrassom morfológico. Essa identificação precoce é determinante para que a equipe médica possa avaliar a viabilidade de uma cirurgia intrauterina, considerando os benefícios e os riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
Como a cirurgia intrauterina pode melhorar o prognóstico?
A cirurgia fetal para correção da espinha bífida consiste em fechar o defeito na coluna ainda durante a gestação, protegendo a medula espinhal e reduzindo a exposição a danos contínuos provocados pelo líquido amniótico, conforme destaca Thaline Neves. Desse modo, essa abordagem tem mostrado melhores resultados quando comparada à correção feita após o nascimento.
Assim, ao proteger a medula mais cedo, há redução da progressão das lesões nervosas e melhora nas chances de o bebê desenvolver funções motoras mais preservadas. Além disso, estudos indicam que o procedimento pode diminuir a necessidade de colocação de derivação ventricular para tratamento de hidrocefalia, uma complicação comum na mielomeningocele.
Os principais benefícios da cirurgia intrauterina
Entre os impactos positivos da intervenção antes do nascimento, é possível destacar alguns aspectos que contribuem diretamente para o desenvolvimento e qualidade de vida da criança. Tendo isso em vista, esses benefícios podem se refletir ao longo de toda a vida do paciente.
- Proteção precoce da medula espinhal: reduz a exposição contínua a fatores que causam danos, preservando mais fibras nervosas.
- Melhora no desenvolvimento motor: aumenta as chances de o bebê ter mobilidade parcial ou total, favorecendo maior independência na infância.
- Redução de complicações neurológicas: diminui a incidência de hidrocefalia e, consequentemente, a necessidade de procedimentos como a derivação ventricular.
- Aprimoramento na qualidade de vida: possibilita melhores condições para atividades escolares, sociais e de lazer no futuro.
Esses benefícios são resultado de um planejamento cuidadoso e de equipes especializadas em medicina fetal, capazes de avaliar caso a caso e propor o tratamento mais adequado.
Quais são os riscos e limitações do procedimento?
Embora a cirurgia fetal ofereça vantagens comprovadas, ela também envolve riscos que precisam ser analisados com cautela. De acordo com a Dra. Thaline Neves, a intervenção intrauterina é um procedimento complexo, que exige alta especialização e infraestrutura hospitalar avançada.
Entre os riscos para a mãe estão complicações como parto prematuro e aumento da possibilidade de cesariana em gestações futuras. Para o bebê, ainda existe a chance de persistirem déficits motores ou neurológicos, mesmo com a cirurgia precoce. Por isso, a decisão deve ser tomada com base em avaliações clínicas detalhadas e no diálogo aberto entre a equipe médica e os pais.
Quando a cirurgia intrauterina é indicada?
Como vimos, a indicação da cirurgia fetal para espinha bífida depende de uma série de critérios clínicos. Assim sendo, fatores como a idade gestacional, a localização da lesão na coluna e a ausência de malformações associadas influenciam diretamente na decisão. Como expõe a médica proprietária da Clínica View, Thaline Neves, o procedimento costuma ser realizado entre a 19ª e a 26ª semana de gestação, período em que é possível intervir de forma mais segura para o bebê e a mãe.
A importância da intervenção precoce na espinha bífida
Em conclusão, a cirurgia intrauterina para espinha bífida, especialmente nos casos de mielomeningocele, demonstra um impacto relevante no prognóstico e na qualidade de vida das crianças. Logo, com avaliação criteriosa, acompanhamento especializado e infraestrutura adequada, esse tratamento pode oferecer benefícios duradouros e reduzir complicações neurológicas. Portanto, a medicina fetal, ao intervir antes do nascimento, mostra que o cuidado precoce é um investimento no futuro de quem começa a vida enfrentando desafios tão complexos.
Autor: Rymona Ouldan